Isso às vezes causa dor, mas mesmo assim reluto e sempre relutei em me render à esse teatro, e olha que eu até que sou bom ator, não é por falta de talento e sim de disposição pra isso, tenho nojo de falsidade. Nojo de sorrisos amarelos e fingidos, de beijinhos no rosto que rapidamente se convertem em leviandade e falar malicioso, assim que o antes beijado vira as costas. Então só observo e lamento, com um misto de pena e de raiva. Não sou um ser político no sentido de ser governado pelas aparências, ao contrário, nunca fiz muito esforço pra manter qualquer tipo de imagem, consciente e inconscientemente, já recusei títulos e continuo os recusando. Não creio que um título garanta qualquer coisa de realmente importante num ser humano, é só mais uma dessas bobagens sociais pra alimentar o ego e a vaidade de quem não consegue viver sem a aprovação alheia, de quem é refém dos sorrisos e elogios dos outros, ainda que grande parte deles sejam notoriamente falsos.
Se escrevo isso, aqui, é por que realmente não pretendo me candidatar à coisa alguma que não seja a ser exatamente quem eu sou. A meta da minha vida alias, é eliminar excessos, desbastar o que não é fundamental, e tudo o que não me parece verdade. Sou um iconoclasta e tento sê-lo também, e sobretudo, para o lado de dentro. Sim, eu sei, é um projeto ambicioso e um caminho difícil, mas escolhi fazê-lo. É meu projeto de vida, matar em mim todo o auto-engano e não investir em nenhuma relação que não seja baseada em verdades. Não tenho a ilusão de que as pessoas serão sempre sinceras e nem de que eu mesmo conseguirei ser sempre, mas coloco isso como meta, me policio pra que assim seja. A quem interessar caminhar com um cara assim, a porta está aberta.
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